Acostumada


Nasci acostumada com carinho de mãe
A não esquecer-me de nada
Amar os animais e as plantas
E por eles ser amparada

A vestir a armadura
Mantendo a postura
Mas conservando a ternura
De uma Mulher engajada

Olhando nos olhos
E apertando mãos
Criando humildade
Para pedir perdão

A buscar a independência
E a liberdade
Fortalecer o caule
Para aguentar machado e maldade

Mas hoje já me canso um pouco
De ser fortaleza, de ser batalha
E gostaria de relaxar no vento
Ser bem amada

Poder sair do fronte, da luta armada
Cuspir coração
E agir de forma errada
Demonstrar fraqueza e ser abraçada

Não que minha essência incandescente mude
E vire lava
Mas às vezes desejo amornar
Ser refrescada

Por um peito ou por um porto
Sentir que posso
Ao menos por algum tempo
Aposentar o escudo e a espada.

São Paulo, 17 de Julho de 2012.

Por Demy Marcos

Comentários

  1. maravilhosa poesia.
    Verdade de mulher, de nós, mulheres, que depois de nos descobrir fortaleza, descobrimos também que não somos "só isso", só fortaleza... Sendo inteiras, a fragilidade também faz parte...

    Adorei!

    Beijão!

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  2. Agora sim! Muito obrigada pelo prestígio que sempre dá ao meu blog Rita! Você é uma querida! Beijo no cuore!

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